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DharmaTao.jpg (2780 bytes) Meditação

O objetivo desta página é dar uma introdução e visão geral de meditação, como é vista pelas diferentes tradições religiosas onde é praticada. A página ainda não está completa, em pouco tempo novos itens serão acrescentados.

Padma Rigpa

A Natureza da Realidade

Motivação

O que é ?

Meditação Judaica

Meditação Cristã

Meditação Budista

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Motivação

Por que algumas pessoas procuram e se interessam por meditação? Talvez porque elas se sintam cansadas do bombardeio diário de sensações que recebemos. Na nossa vida cotidiana estamos sempre expostos a responder aos estímulos que recebemos, sejam por propaganda, cobrança ou necessidade.

Estamos intermitentemente sendo testados a querer comprar um carro, um celular, uma roupa, um acessório, um produto, a conhecer um lugar, a mudar de aparência, etc. Da mesma forma temos que estudar, conseguir um bom trabalho, sustentar uma família, patrocinar algum projeto, etc. E ainda realmente temos que nos preocupar com como viver, o que comer, onde morar, cuidar da saúde, solucionar problemas, etc.

De repente alguns destes exemplos não se enquadram com todo mundo, mas eles não são uma lista exaustiva. E não temos como evitar que tudo isso ocorra. Claro, podemos nos colocar limites, dizer chega, já tenho uma casa, um carro, não são os melhores do mundo, me satisfazem e agora é hora de fazer outras coisas. Ou podemos dizer chega, não viverei essa vida, e podemos nos retirar nas montanhas ou em algum mosteiro.

Na prática, não podemos nos retirar do mundo, e nem queremos isso. Também não queremos deixar de fazer as coisas que temos que fazer. Mas quantas vezes uma pessoa se encontra em uma posição de não conseguir pensar com clareza, não estar com a "cabeça descansada"? A prática da meditação pode ajudar essa pessoa, e a sua iteração com todos.

A prática da meditação permite que toda a nossa atividade mental se aquiete, nos trazendo clareza, calma, sensibilidade, maior concentração e maior autoconhecimento, tanto em um sentido físico quanto emocional.

Uma pessoa com uma mente calma resolve seus problemas com maior facilidade, consegue ajudar os outros com maior clareza, é mais flexível nas suas opiniões, pode ter menos estresse e com isso adoecer menos. Com essas motivações uma pessoa deve começar este tipo de prática, e não por pensar que isto é uma atitude moderna, de vanguarda, ou esotérica dos novos tempos que estão por vir. A meditação, assim como o Yoga, é uma prática com milênios de história, a recém sendo redescoberta pelo mundo ocidental.

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O que é

Assim como quando as pessoas fazem esportes elas sabem pelo menos alguma coisa sobre anatomia humana e as regras do seu esporte, precisamos conhecer o processo da prática de meditação e ter alguma noção da realidade da mente.

 

Um tipo de energia não-física, a função da mente é conhecer, experienciar. É a própria consciência. É clara por natureza e reflete tudo o que experiencia, assim como um lago calmo reflete as montanhas e florestas que estão ao seu redor.

A mente muda de momento a momento. É um contínuum sem início, como um fluxo sempre em movimento: o momento-mental prévio dá origem a este momento-mental, que dá origem ao próximo momento-mental e assim por diante. É o nome geral dado à totalidade de nossas experiência conscientes e inconscientes: cada um de nós é o centro de um mundo de pensamentos, percepções, sentimentos, memórias, sonhos; tudo isto é a mente. A mente não é uma coisa física que tem pensamentos e sentimentos; essas próprias experiências são a mente. Por ser sem matéria, ela é diferente do corpo, apesar de mente e corpo serem interconectados e interdependentes. Este relacionamento explica porque, por exemplo, as doenças e desconfortos físicos podem afetar a mente, e por que as atitudes mentais, por sua vez, podem dar origem tanto à cura quanto aos problemas físicos.

A mente pode ser comparada a um oceano, e os eventos mentais momentâneos — como a felicidade, a irritação, as fantasias e a tristeza — às ondas que sobem e descem sobre sua superfície. Assim como as ondas podem ser apaziguadas para revelar a calma das profundezas do oceano, assim também é possível acalmar a turbulência de nossa mente para revelar sua clareza natural. A habilidade para fazer isto está dentro da própria mente, e a chave para a mente é a meditação.

Sangye Khadro, How to Meditate, Wisdom Publications

Apenas permanecer sentado, imóvel e com os olhos fechados não significa que uma pessoa esteja meditando. Meditação envolve os conceitos de concentração e atenção. Concentração em um objeto-foco da meditação, que pode ser uma flor, uma vela, um objeto sagrado ou a própria respiração. Para que nossa mente não se perca ou se volte a outros pensamentos, devemos ficar atentos, permanecendo concentrados no foco da meditação.

Meditação difere de relaxamento porque permanecemos alertas, percebendo tudo o que se passa com a gente, cada pensamento, cada idéia, cada emoção. Não meditamos para pegar no sono ou para descansar, isso até pode acontecer por estarmos imóveis, mas primariamente iremos "relaxar" a mente, deixando-a alerta e consciente de si mesma.

Desta forma, à medida que vamos praticando, vamos acalmando a mente, freando o fluxo de pensamentos que nela brotam de maneira incessante, permitindo-a ficar no seu estado natural. À medida que vamos nos familiarizando com o processo e a mente se acalma, podemos trocar nosso foco de meditação.

O que devemos ter sempre consciência é que temos que ter paciência, muita paciência. Enquanto estamos na prática, os pensamentos e idéias irão surgir, e não é fácil conseguir não prestar atenção a eles. O corpo pode doer por estar imóvel, podemos nos sentir angustiados por estarmos parados, mas tudo isso faz parte da prática, é justamente essa urgência em responder aos sentidos e estímulos que queremos frear. Portanto temos que ser pacientes e não gerarmos expectativas com o que vamos alcançar. Se estivermos meditando com expectativa, isso já é uma idéia se formando, ou seja, mais uma atividade mental.

Além da paciência, temos que ter também persistência. No início pode parecer legal ficar parado, é como uma novidade. Mas mais adiante poderemos querer marcar compromissos na hora que costumávamos meditar, ou podemos ficar com preguiça de ter que fazer isso de novo. Mas então devemos nos lembrar que é somente com a regularidade que vamos conseguir acalmar a nossa mente.

 

Domar a mente e trazê-la à compreensão da realidade não é um trabalho fácil. Requer um processo lento e gradual de ouvir e ler explicações sobre a natureza das coisas; pensar e analisar cuidadosamente esta informação; e finalmente transformar a mente através da meditação.

A mente pode ser dividida em consciência sensorial — visão, audição, olfato, paladar, tato — e consciência mental. A consciência mental vai desde as nossas experiências mais grosseiras de ódio ou desejo, por exemplo, até o nível mais sutil da calma e claridade completas. Ela inclui nossos processos intelectuais, nossos sentimentos e emoções, nossa memória e nossos sonhos.

A meditação é uma atividade da consciência mental. Ela envolve uma parte da mente observando, analisando e lidando com o resto da mente. A meditação pode tomar várias formas: concentrar-se unidirecionadamente em um objeto (interno), tentar compreender algum problema pessoal, gerar um amor alegre por toda a humanidade, rezar a um objeto de devoção, ou se comunicar com nossa sabedoria interna. Seu objetivo final é despertar um nível muito sutil de consciência e usá-lo para descobrir a realidade, direta e intuitivamente.

Esta consciência direta e intuitiva de como as coisas são é conhecida como a iluminação, e é o resultado final da prática budista. O objetivo de alcançá-la — e a força condutora por trás de toda a prática — é para ajudar os outros a alcançá-la também.

Há muitas técnicas de meditação diferentes e muitas coisas com as quais a mente deve se familiarizar. Entretanto, a meditação não é simplesmente um questão de se sentar uma postura particular ou de respirar de um modo particular; é um estado da mente. Apesar dos melhores resultados geralmente virem quando meditamos em um lugar quieto, podemos meditar enquanto estivermos trabalhando, caminhando, andando de ônibus ou cozinhando um jantar.

Primeiro, aprendemos a desenvolver o estado meditativo da mente na prática formal, sentada, mas uma vez que estejamos bem nisso, podemos ser mais livres e criativos, e podemos gerar este estado mental a qualquer hora, em qualquer situação. Então, a meditação terá se tornado um meio de vida.

A meditação não é uma coisa estrangeira ou inadequada à mente ocidental. Há diferentes métodos praticados em diferentes culturas, mas todos eles compartilham o princípio comum de que a mente simplesmente se torna familiar com vários aspectos de si mesma. E a mente de cada pessoa, oriental ou ocidental, tem os mesmos elementos básicos e experiências básicas, o mesmo problema básico — e também o mesmo potencial.

A meditação não é um espaçamento ou uma fuga. De fato, é ser totalmente honesto com nós mesmos: dar uma boa olhada no que estamos fazendo e trabalhando, para nos tornarmos mais positivos e úteis, para nós e para os outros. Há tanto aspectos tanto positivos quanto negativos na mente. Os aspectos negativos — nossas desordens mentais ou, literalmente, nossas delusões — incluem a inveja, o ódio, o desejo, o orgulho e coisas assim. Elas surgem de nossa compreensão errônea da realidade e do apego habitual ao modo pelo qual vemos as coisas. Através da meditação, podemos reconhecer nossos erros e ajustar nossa mente para pensar e reagir mais realisticamente, mais honestamente.

A metal, final, a iluminação, é a longo prazo. Mas as meditações feitas com esta meta em mente podem e têm enormes benefícios a curto prazo. Assim que a nossa imagem concreta da realidade se suaviza, desenvolvemos uma auto-imagem mais positiva e realista, e assim ficamos mais relaxados e menos ansiosos. Aprendemos a ter menos expectativas irrealistas das pessoas e coisas ao nosso redor, e portanto encontramos menos desapontamento; os relacionamentos melhoram e a vida se torna mais estável e satisfatória.

Mas lembre-se, os hábitos de toda uma vida são duras de matar. Já é muito difícil simplesmente tentar lembrar de nosso ódio e inveja, mas muito menos em fazer um esforço de deter a velho tendência familiar de sentir ou analisar suas causas e seus resultados. Transformar a mente é um processo lento e gradual. É um questão de liberar a nós mesmos, pouco a pouco, dos padrões instintivos e nocivos de se tornar familiar com os hábitos que necessariamente trazem resultados positivos — para nós e para os outros.

Sangye Khadro, How to Meditate, Wisdom Publications

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